uma criança se descuida
a bola de gás escapa
sobe devagar
desaparece no azul
lá em cima
vira peixe de vidro
nada entre luas
que sopram
origamis de areia
anãs-marrons esquecidas
planetas adormecidos
em conchas de silêncio...
e quando chega
ao teto do universo
não está só...
há outra bola perdida
e outra, e outra...
tantas
tantas
esperando...
todas se reconhecem
se agrupam em cores
em formas e sorrisos
... e brilham
um céu novo
feito da memória das pequenas mãos
que um dia as deixaram partir
e nós aqui embaixo
olhamos as estrelas
sem saber
que são brinquedos da infância
cantando baixinho
para nunca se apagar...
que escorrem das mãos
como tudo o que é leve
e não volta...
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Autor:
Wander Motta (
Offline)
- Publicado: 18 de agosto de 2025 09:48
- Comentário do autor sobre o poema: Quando escrevi essa poesia, quis transformar um gesto simples e cotidiano, o descuido de uma criança que deixa escapar uma bola de gás, em uma travessia poética pelo cosmos. A bola, ao ganhar o céu, deixa de ser apenas brinquedo, Ela se transforma em peixe de vidro, em estrela esquecida, em fragmento de sonho que se junta a tantos outros no espaço infinito. No fundo, a poesia fala sobre a infância como lugar de origem das estrelas que carregamos dentro de nós, lembranças que, mesmo distantes, continuam a brilhar. É um convite a olhar o céu não só como paisagem do universo, mas como espelho daquilo que já fomos e do que permanece aceso em nós.
- Categoria: Surrealista
- Visualizações: 3
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