uma criança se descuida
a bola de gás escapa
sobe devagar
desaparece no azul
lá em cima
vira peixe de vidro
nada entre luas
que sopram
origamis de areia
anãs-marrons esquecidas
planetas adormecidos
em conchas de silêncio...
e quando chega
ao teto do universo
não está só...
há outra bola perdida
e outra, e outra...
tantas
tantas
esperando...
todas se reconhecem
se agrupam em cores
em formas e sorrisos
... e brilham
um céu novo
feito da memória das pequenas mãos
que um dia as deixaram partir
e nós aqui embaixo
olhamos as estrelas
sem saber
que são brinquedos da infância
cantando baixinho
para nunca se apagar...
que escorrem das mãos
como tudo o que é leve
e não volta...