Sei lá, não sei...

Anna Gonçalves

Não sei o que sou quando o corpo é um caos,  

quando os dedos tremem e as palavras fogem junto com as ideias 

são delírios que roçam a parede do peito,  

são os piscares dos olhos repetitivo e rápido, 

são suspiros sem significado e fim,

são gritos sem boca, são  mordidas nos lábios sem nome e codinome.  

 

Mas eis que o ônibus avança,  

e a janela é um espelho de mundo.  

Os prédios e casas escorrem, as luzes se alongam,  e de repente, tudo é quieto.  

 

O que era nó desata-se sozinho,  

o que era espinho vira linha.  

Cada rosto alheio é um destino alheio,  

e eu, passageiro, descubro o meu.  

 

Talvez a salvação seja isto...

Estar entre estranhos que não pedem nada,  

enquanto a paisagem lá fora  

faz sua caminhada 

me ensina a ser estrada.  

 

 

  • Autor: Anna Gonçalves (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 15 de agosto de 2025 19:18
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 24
  • Usuários favoritos deste poema: JT.
Comentários +

Comentários2

  • JT.

    Bravos. adorei.
    Prazer.
    JT

  • Libriana

    É como se forçar a ser estrada , quando nem ao menos conhece o caminho...e o passageiro passa a questionar se faz sentido passar por tudo sozinho!
    EU ADOREI , de verdade que me conectei !!!



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