Não sei o que sou quando o corpo é um caos,
quando os dedos tremem e as palavras fogem junto com as ideias
são delírios que roçam a parede do peito,
são os piscares dos olhos repetitivo e rápido,
são suspiros sem significado e fim,
são gritos sem boca, são mordidas nos lábios sem nome e codinome.
Mas eis que o ônibus avança,
e a janela é um espelho de mundo.
Os prédios e casas escorrem, as luzes se alongam, e de repente, tudo é quieto.
O que era nó desata-se sozinho,
o que era espinho vira linha.
Cada rosto alheio é um destino alheio,
e eu, passageiro, descubro o meu.
Talvez a salvação seja isto...
Estar entre estranhos que não pedem nada,
enquanto a paisagem lá fora
faz sua caminhada
me ensina a ser estrada.