O REFÚGIO DA ALEGRIA

Sezar Kosta

Há um instante invisível

em que o riso se esconde,

como pássaro que abandona o galho antes do sol nascer.

 

Nesse instante,

o olhar, que antes colhia milagres nos gestos simples,

fecha-se como flor noturna,

e a vida, ainda plena, pesa silenciosa nos bolsos da alma.

 

Os pés esquecem o compasso da dança na chuva,

as mãos o gesto de brincar com a água,

o coração o perfume que o vento carrega pelo quintal.

 

Ainda assim, tudo pulsa:

a maçã cintila na fruteira,

o rastro de luz atravessa a cortina,

uma gargalhada antiga ecoa entre paredes esquecidas.

 

Basta abaixar-se, ouvir o sussurro das formigas,

provar o calor simples do pão recém-assado,

conversar com as horas como se fossem velhos amigos.

 

E então se percebe:

a alegria nunca partiu.

Ela habita os olhos que ainda sabem brincar,

o coração que escolhe se abrir

e o tempo que nos convida a redescobrir o milagre do simples.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 15 de agosto de 2025 16:15
  • Comentário do autor sobre o poema: Neste poema, tento provocar uma reflexão sobre a felicidade como fruto da atenção e do encanto pelo simples. Transmitir uma sensação de alerta sereno com leve melancolia. Despertar um sentimento de saudade do essencial e desejo de reconexão. Moral Poético: Cultive o espírito lúdico e valorize o simples todos os dias.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 23
  • Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, Luana Santahelena, elfrans silva
Comentários +

Comentários1

  • Maria dorta

    Lindo e emblemático poema. Nos carrega nas asas do agora em dire ao ao futuro certo. Bravos!



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.