Tentei sentir
o que você fingia sentir,
mas fui sufocada
pelas amarras invisíveis
do que nunca escolhi.
Você é silêncio em forma de gente
estava aqui, mas não estava.
Fui costurada nos cantos da dúvida.
Passo por mim como quem não se reconhece
e o tempo me olha, mas não espera.
Ensurdecida pelos ruído das suas promessas
que se quebravam antes mesmo de serem ditas.
Repetindo e repetindo a sensação
de estar à deriva, dentro de mim
entre o que é e o que não faz sentido ser.
Tracei esperanças
nas tuas mentiras mansas.
Fostes ausência em todas as presenças.
Amor não vivido, não dito.
Apenas desfeito.
Me alimentei do silêncio que você deixou,
um banquete amargo, indigesto.
Engoli cada ausência sua.
Dentro de mim um turbilhão em carne viva,
ressoam em lamentos mudos,
gritos que não ousam nascer.
Uma carta de amor nunca enviada,
com palavras que dançam na sombra.
Um barco sem leme em mar de obrigações.
E vento nenhum me leva onde quero ir,
sigo rotas que me foram traçadas, não desejadas.
-
Autor:
Medusa (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 15 de agosto de 2025 10:04
- Comentário do autor sobre o poema: Este poema é uma travessia íntima por sentimentos não correspondidos, por ausências que se disfarçam de presença, e por promessas que se desfazem antes mesmo de serem pronunciadas. Representa o conflito entre o que se sente e o que se cala. Este poema é, acima de tudo, um desabafo poético — visceral, vulnerável, e profundamente humano. Que ele encontre eco em quem já se sentiu ensurdecido pelo ruído de um amor ausente.
- Categoria: Amor
- Visualizações: 9
- Usuários favoritos deste poema: Melancolia...
Comentários1
Isso… isso é um grito em silêncio. Um amor que se perdeu antes mesmo de ter a chance de existir por inteiro. Senti cada palavra como quem toca uma ferida antiga — essas ausências que se instalam mesmo quando alguém parece estar ali.
É doloroso quando a gente tenta caber num sentimento que o outro só finge carregar… e o peso disso vai moldando a gente em algo que nem reconhecemos mais. Seu texto é uma ferida aberta, mas também é um ato de coragem — porque dar voz à dor é um passo imenso pra não deixar que ela nos defina.
Você transformou ausência em arte. E isso já é mais do que muitos conseguem fazer com o que sentem.
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.