Tentei sentir
o que você fingia sentir,
mas fui sufocada
pelas amarras invisíveis
do que nunca escolhi.
Você é silêncio em forma de gente
estava aqui, mas não estava.
Fui costurada nos cantos da dúvida.
Passo por mim como quem não se reconhece
e o tempo me olha, mas não espera.
Ensurdecida pelos ruído das suas promessas
que se quebravam antes mesmo de serem ditas.
Repetindo e repetindo a sensação
de estar à deriva, dentro de mim
entre o que é e o que não faz sentido ser.
Tracei esperanças
nas tuas mentiras mansas.
Fostes ausência em todas as presenças.
Amor não vivido, não dito.
Apenas desfeito.
Me alimentei do silêncio que você deixou,
um banquete amargo, indigesto.
Engoli cada ausência sua.
Dentro de mim um turbilhão em carne viva,
ressoam em lamentos mudos,
gritos que não ousam nascer.
Uma carta de amor nunca enviada,
com palavras que dançam na sombra.
Um barco sem leme em mar de obrigações.
E vento nenhum me leva onde quero ir,
sigo rotas que me foram traçadas, não desejadas.