Capítulo I — A Brisa que me nomeia
A brisa sussurrou meu nome, com a doçura do engenho.
Eu, que sou vento, achei graça no enunciado.
Algo escondido que ninguém sabe,
a não ser os colegas de escola, na infância presente.
Capítulo II — Fogo e Névoa
A Hora da Estrela, escrita com fogo e névoa.
queimou o silêncio, sabe-se lá de quem!
De quem queria morar nos olhos de quem a lê.
Virou chama que não se consome,
Arde em desejos profanos.
Capítulo III — O mar que me escuta
No barulho do papel de seda
que embala o doce de mel,
Ao ser desembrulhado e degustado
Gruda no céu da boca.
Há um mar dentro de mim, sem limite.
Ele ouve até o não dito.
Suas ondas são palavras surdas,
e mesmo assim, me entende.
Capítulo IV — Flor que nasce no jardim do vizinho
Existem dias que florescemos no muro de alguém.
O sol invade as frestas dos buracos
Procura no olhar o carinho e ternura.
Baga aberta, dispersa semente.Pede solo.
Quer ser vista, sem cercas.
Capítulo V — A noite que não dorme
Sou o impensado, o que sinto,
em noites mal dormidas.
A insônia, que vagueia em luar.
Tropeço na memória,
Velas navegadoras de saudades.
Capítulo VI — O cheiro do Jasmineiro
Hoje, não sou verbo, mas fragrância.
Um Leite de Rosas, derramado na madeira,
Lembrança de momentos vividos.
Uma anágua, em saia de prega.
O brilho exalado de um vestido velho.
-
Autor:
MariaBueno (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 13 de agosto de 2025 15:47
- Categoria:
- Visualizações: 4
Comentários1
Que poema encantador! Cada capítulo é uma janela poética para os sentidos — suave, profundo e cheio de imagens que permanecem na memória como perfume no ar. Bravo!
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.