Teu amor repousa sobre um retrato
não sobre mim, mas sobre um molde abstrato.
Ignoras a essência que pulsa nua sem disfarces
e adoras a máscara criada por teu pincel.
Meus ideais não cabem no seu enquadramento:
são pontes longas, sem atalhos, sem cimento.
Minha ética te inquieta, te causa desconforto,
pois exige clareza, não fumaça em versos trêmulos.
Sopras ilusões com perfume de verdade
e buscas aplausos no teatro cruel do julgamento.
Mas não há verdade no eco de te cerca,
apenas vozes famintas por histórias inventadas.
Inventar é poder, mas amar é existir.
E quem não existe, se molda, se disfarça, inventa.
Eu sou o que sou: inteira, imperfeita, real.
Tu amas apenas o que nunca respirou,
o que nunca foi humano o bastante para sentir.
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Autor:
Medusa (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 13 de agosto de 2025 15:09
- Comentário do autor sobre o poema: Este poema é um mergulho naquilo que o amor muitas vezes não consegue tocar: a verdade do outro. É um convite a sentir, a perceber o amor sem enganos, sem teatro, sem máscaras.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 7
Comentários1
Lingo poema, seus versos são de afogar a alma do leitor , Parabéns!
Muito obrigada pelo carinho! Fico feliz que meus versos tenham tocado sua alma — é exatamente esse o propósito da poesia. Seu comentário me inspira a continuar escrevendo com o coração.
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