Cheguei no trabalho e ouvi um silêncio suspeito.
Ali onde as ideias costumavam morar,
só havia eco.
— Alô? — gritei.
Nada.
Revirei as gavetas da mente,
procurei atrás das sinapses,
debrucei na janela da razão.
Cadê o danado?
Antes de sair de casa, ele estava animado:
citava Sócrates enquanto passava manteiga no pão.
E agora? Sumiu.
Fugiu com a criatividade e o bom senso
sem deixar nem bilhete.
A chefe pergunta:
“Você viu o relatório?”
Eu vi sim — ele nadando no mar da procrastinação
com boias de memes e estatísticas sem fonte.
Colegas cochicham:
“Ela não está rendendo...”
Mas como render sem processador?
Estou funcionando no modo batata frita:
quente por fora, oca por dentro.
Se você o encontrar,
meu cérebro é tímido, gosta de metáforas,
tem preguiça de planilhas
e alergia a reuniões de alinhamento.
Por favor,
diga a ele que não guardo mágoas...
só preciso que ele volte até sexta.
Tem entrega.
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Autor:
Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 11 de agosto de 2025 12:06
- Comentário do autor sobre o poema: Esse poema é uma pequena pérola de humor ácido. Com ironia e exagero, ele critica o ambiente de trabalho moderno — onde muitas vezes a criatividade e o entusiasmo são sufocados. O poema nos convida a refletir sobre como e por que deixamos nosso cérebro "desligar" justamente nas horas que mais precisamos dele.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 7
- Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena
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