Procura-se: Um Cérebro em Fuga

Luana Santahelena

Cheguei no trabalho e ouvi um silêncio suspeito.

Ali onde as ideias costumavam morar,

só havia eco.

— Alô? — gritei.

Nada.

 

Revirei as gavetas da mente,

procurei atrás das sinapses,

debrucei na janela da razão.

Cadê o danado?

 

Antes de sair de casa, ele estava animado:

citava Sócrates enquanto passava manteiga no pão.

E agora? Sumiu.

Fugiu com a criatividade e o bom senso

sem deixar nem bilhete.

 

A chefe pergunta:

“Você viu o relatório?”

Eu vi sim — ele nadando no mar da procrastinação

com boias de memes e estatísticas sem fonte.

 

Colegas cochicham:

“Ela não está rendendo...”

Mas como render sem processador?

Estou funcionando no modo batata frita:

quente por fora, oca por dentro.

 

Se você o encontrar,

meu cérebro é tímido, gosta de metáforas,

tem preguiça de planilhas

e alergia a reuniões de alinhamento.

 

Por favor,

diga a ele que não guardo mágoas...

só preciso que ele volte até sexta.

Tem entrega.

  • Autor: Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 11 de agosto de 2025 12:06
  • Comentário do autor sobre o poema: Esse poema é uma pequena pérola de humor ácido. Com ironia e exagero, ele critica o ambiente de trabalho moderno — onde muitas vezes a criatividade e o entusiasmo são sufocados. O poema nos convida a refletir sobre como e por que deixamos nosso cérebro "desligar" justamente nas horas que mais precisamos dele.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 7
  • Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.