antes morresse, para não sentir a afronta
no chute violento que lhe estourou a bolsa
e a expulsou mais cedo para a vida,
morresse antes das noites frias e solitárias
entorpecidas de fumaça e álcool e música ruim
em lugares insalubres e penumbrosos;
antes morresse, para um fardo não ser
mas teimou viver, pobrezinha,
sobrevivera antes aos vilipêndios da vida
às ingestões de chás e misoprostol
sobreviveu indesejada, repelida
como sifilítica ou leprosada
antes morresse, para não conhecer a dor
e a crueza do mundo...
sobreviveu...
morresse antes de pertencer a uma
família...
aos dois, sentirá à pele o que é não ser
aos sete, violada no seu porvir;
aos dez, descartada como bicho
que não serve mais...
aos quinze, porém, condenada
por abortar a história de se repetir...
Diante das trevas medievais que fanáticos desalmados tentaram ressuscitar
para apavorar uma pobre crianças violentada em todos os seus direitos, resolvi
resgatar dos meus arquivos um poema que escrevi anos atrás depois de ouvir a triste história de uma menina abandonada e rejeitada ao longo da sua curta vida...
Enquanto meu segundo livro está no prelo para ser lançado, convido a todos a lerem
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- Autor: Carlos Tavares (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 22 de agosto de 2020 19:24
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 19
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