Os corpos se encostam, mas as almas têm frio,
nos quartos de apps, no amor líquido e vazio.
Beijos que são likes, paixões de Wi-Fi,
ninguém ama ninguém, só o próprio vazio.
Como já li uma frase em algum canto escondido
[Amai-vos mais!]
[Porque o inferno é estar só no muro!]
Mas hoje o inferno é scroll, é não ser visto,
é trocar a alma por um story triste.
Aos pecadores modernos!
Vocês, diletos egoístas, são todos Raskólnikovs, mas sem culpa nos punhos.
Matastes o amor e roubastes seu brilho,
e agora mendigais afeto em tweets antigos.
Quem dera um Míchkin hoje, tão puro e tão louco,
a amar sem filtros, a sangrar de amor louco!
Mas não somos Stavróguins, um niilistas do tédio,
a beijar bocas vazias no vazio do século.
Aos homens do amanhã...
[Se é que ainda há tempo]
rasgai os contratos, o amor não é cimento!
Antes a dor de amar do que o vazio de existir,
pois só quem ama sabe, de verdade o sofrer, permanecer e insistir...
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Autor:
Anna Gonçalves (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 2 de agosto de 2025 00:30
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 12
Comentários2
Poema realista. Onde descreve a frieza e ilusão dos amores online. Que só nos induzem ilusão.
Gostei, cara Anna.
Abraço!
Fora.
As palavras não em português, ficou perfeito.
Um tema, que hoje e bem vivido.
Por força de religiões e uma educação corroída.
Tenha um ótimo dia.
Prazer
JT
Olá, bom dia. Os nomes os quais eu cito são personagens dos livros do Dostoiévski. O Míchkin é do livro "O idiota", já o Raskólnikovs é o personagem do livro "Crime e Castigo" e o Stavróguins é o personagem do livro "Os demônios"
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