Há sombra do candor voando só
Pelas dunas movediças do oceano
Tal qual a solidão do ser humano
Que queima feito o tição em brasa
Na página do tempo qual se grava
Os riscos e rabiscos de toda a vida
São espaços pelo construto da lida
Imagens valem mais que palavras
São cenas na linha da translineação
Define-se paradigma modelo do ser
Que usa o destino na lupa do saber
Qual um barco que à deriva flutua
Há na proa de cortiça imagem nua
Da sereia mística que no mar canta
Que sobre ondas sua magia encanta
Tiritando na noite no clarão da Lua
Transvasa gotas de orvalho no chão
E emerge o botão da flor perfumada
Tal qual os beijos da mulher amada
Que se conecta com os ciclos da lua
Com seus encantos ela atrai o amor
Na insaciável plenitude do beija-flor
Num estilo sensual deixa a perna nua
A vida é o tempo dividido em palavras
Uma palavra entre o final de uma linha
E o começo do texto pela seguinte linha
Seguindo regras de divisão para cortar
São riscos e rabiscos de toda uma vida
Que se conectam entre as páginas lidas
Nos textos manuscritos com translinear
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Autor:
Arlindo Nogueira (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 1 de agosto de 2025 21:44
- Comentário do autor sobre o poema: Escrevi essa poesia para refletir, sobre transcrição em linguística, ou seja, a representação sistemática da língua falada na forma escrita. Portanto, nosso texto poético é uma fonte que pode ser enunciado em declamação, língua de sinais ou texto preexistente em outro sistema de escrita. O importante é entender o “translinear” de uma palavra, que nada mais é do que a divisão silábica entre o final de uma linha e o começo da linha seguinte em textos manuscritos. Quando a palavra não cabe inteira na linha, é preciso cortá-la seguindo as regras de divisão da língua portuguesa. Boa leitura da nossa poesia, lembrando que “ler é um sofrido prazer”, disse: (Bloom).
- Categoria: Conto
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