Paixão de Pão e Água

Luana Santahelena

Queria pedir perdão,

como quem pede açúcar emprestado

na casa da vizinha.

 

Queria vestir a roupa da vítima,

mas minha alma tem o cheiro

do café fresco da manhã.

 

Queria ser tua e de tantos,

mas o coração é pão caseiro,

só cresce no calor da tua mão.

 

Queria te iludir com elogios,

mas minha palavra é farinha,

não se mistura com mentira.

 

Queria guardar segredos

no pote de barro,

mas eles vazam

pelos olhos e pelo pão partido

 

Sou dependente,

feito doce de leite no fogo lento,

dessa paixão que não se desfaz,

mesmo quando a noite demora

e a saudade queima.

  • Autor: Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 28 de julho de 2025 10:14
  • Comentário do autor sobre o poema: Alguns sentimentos não se explicam — crescem como pão no calor certo, escorrem como doce fervendo no fogo lento. Amar, às vezes, é depender do toque certo, do silêncio que revela, da palavra que alimenta. Há paixões que sobrevivem à ausência como o pão que, mesmo duro, ainda guarda o sabor de casa. Tudo se mistura: o querer, o sofrer e o lembrar — feito receita antiga que só o coração entende.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 18
  • Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, Sezar Kosta


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