Queria pedir perdão,
como quem pede açúcar emprestado
na casa da vizinha.
Queria vestir a roupa da vítima,
mas minha alma tem o cheiro
do café fresco da manhã.
Queria ser tua e de tantos,
mas o coração é pão caseiro,
só cresce no calor da tua mão.
Queria te iludir com elogios,
mas minha palavra é farinha,
não se mistura com mentira.
Queria guardar segredos
no pote de barro,
mas eles vazam
pelos olhos e pelo pão partido
Sou dependente,
feito doce de leite no fogo lento,
dessa paixão que não se desfaz,
mesmo quando a noite demora
e a saudade queima.
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Autor:
Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 28 de julho de 2025 10:14
- Comentário do autor sobre o poema: Alguns sentimentos não se explicam — crescem como pão no calor certo, escorrem como doce fervendo no fogo lento. Amar, às vezes, é depender do toque certo, do silêncio que revela, da palavra que alimenta. Há paixões que sobrevivem à ausência como o pão que, mesmo duro, ainda guarda o sabor de casa. Tudo se mistura: o querer, o sofrer e o lembrar — feito receita antiga que só o coração entende.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 18
- Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, Sezar Kosta
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