Ainda acredito e tenho fé no poder das mãos que não cansam,  
que moldam o barro, mas não o despedaçam.  
Que lavam a louça, consertam o rasgo,  
que não trocam o velho, só limpam o lasco.  
O mundo se tornou um mercado de coisas breves,  
amores com prazo, descartáveis e sempre tem que ser  leve.  
Vestidos que duram só uma estação e exposição,  
afetos que morrem do nada,  sem nenhuma explicação.  
Quem sabe conserta um amor rachado?  
Quem cola os cacos de uma xícara quebrada?  Quem costura a roupa com um rasgo? Quem compra apenas uma peça de um produto danificado? Quem rega a planta que o tempo secou?  
Quem fica quando o novo e atraente chegou?
Difícil é ter paciência e suor,  
reformar a rachadura e não jogar fora.  
O fácil é sempre trocar, nunca ver,  
Trocar outro corpo, outro lar, outro ser.     Sem ao menos analisar e tentar reformar, reutilizar...
E tem um segredo que o lixo não conta.
O novo de hoje é o velho da monta.  
E tudo que some nessa necessidade do "já" e agora, imediatismo da troca, 
vira o mesmo lixo que um dia virás.
Pois até você, um dia, será
mais uma coisa que alguém jogará.            Sem ao menos tentar e acreditar no poder da reforma, que sempre transforma.
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                        Autor:    
     
	Anna Gonçalves (Pseudónimo (
 Offline) - Publicado: 23 de julho de 2025 22:52
 - Categoria: Reflexão
 - Visualizações: 10
 

 Offline)
			
Comentários1
Bonito poema e excelente reflexão.
Boa Noite!
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