voar
é verbo
que arde
voar
não é só
chegar
voar
é sonho
que parte
da alma
pra não
voltar
ícaro...
fogo no peito
sol no olhar
asas de cera
destino no ar
e mesmo
caindo
tão belo
cantou
o impossível
com um gesto
singelo
fernão...
gaivota
que nega o cardume
busca no voo
seu próprio
perfume
não voa por pão
nem por abrigo
voa por dentro
do que é consigo
voar...
não cabe
no chão
voar...
é escolha
é não
voar...
é rasgar
o limite
com pena,
coragem,
vertigem
e grito
e o céu...
o céu que galileu
mediu
não guarda
o que ícaro
sentiu
nem sabe
do traço
que fernão
deixou
ao cortar o vento
com amor e dor
há mais poesia
no voo perdido
que na órbita certa
há mais beleza
na asa que erra
que na lente que acerta
e entre a ciência
e a paixão
fica o homem:
metade cálculo
metade canção...
-
Autor:
Wander Motta (
Offline)
- Publicado: 22 de julho de 2025 08:03
- Comentário do autor sobre o poema: Quando escrevi essa poesia usei versos curtos, espaços vazios e ritmo livre para criar respiração entre as palavras. Como se cada pausa fosse uma asa batendo. Tudo em minúsculas, inclusive o título, não por descuido, mas por escolha: queria que as ideias chegassem leves, quase sussurradas, como o som do vento em quem voa só.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 4
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