Libertina - enquanto o mundo apodrece.

Tainá Lopes

 

"Enquanto o mundo apodrece 

 

Se a morte espreita cada esquina,

eu visto pele, não me declino.

Prefiro o cio, o toque, a sina

do que rezar pro mesmo destino.

 

Nas ruas, véus. Nos olhos, medo.

Aqui, lençóis viram trincheira.

No corpo alheio, busco segredo,

uma paz suada, passageira.

 

A carne grita, quer ser abrigo,

do pranto mudo, do fim em fila.

Quem sente o gozo dorme consigo,

quem só espera... apodreça em vigília.

 

Eles condenam meu riso solto,

meu beijo fundo, minha lascívia.

Mas onde o mundo virou luto torto,

ser vida viva é subversiva.

 

Bebo o suor da pele nua,

não há pecado no que me aquece.

Pior loucura é viver na rua

sem ter sequer quem te adormece.

 

Se o mundo afunda, que afunde em mim,

no ventre farto de quem não reza.

No êxtase sujo, no toque sem fim,

encontro calma — e a mente não pesa.

 

 

 

  • Autor: Tainá Lopes (Offline Offline)
  • Publicado: 21 de julho de 2025 14:26
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 2


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