E quando o mundo adormece,
ela levanta.
O apito da chaleira ecoa no silêncio —
silêncio esse que já fora assustador.
Hoje, é desejado.
Agora, ele é companhia.
A madrugada, refúgio.
A lua, cúmplice.
As lágrimas já não pedem permissão.
O peso do dia escorre pelos olhos
e se aconchega na borda da xícara quente.
O tempo desacelera.
A neblina vira abraço,
que derrete, acolhe
e desarma o coração receoso.
Na ausência de ruídos, ela ouve os pensamentos,
que parecem duelar entre si —
como quem procura um cantinho seguro
para existir sem pressa.
A madrugada não cura, não responde —
mas ampara.
Porque, no fim, não é sobre respostas.
É sobre o colo
que nos impede de cair.
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Autor:
biancalessa_ (
Offline)
- Publicado: 20 de julho de 2025 18:39
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
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