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Madrugadas de (des)tormento - Uma crônica poética sobre o refúgio no silêncio das incertezas

E quando o mundo adormece,
ela levanta.
O apito da chaleira ecoa no silêncio —
silêncio esse que já fora assustador.
Hoje, é desejado.
Agora, ele é companhia.
A madrugada, refúgio.
A lua, cúmplice.

As lágrimas já não pedem permissão.
O peso do dia escorre pelos olhos
e se aconchega na borda da xícara quente.

O tempo desacelera.
A neblina vira abraço,
que derrete, acolhe
e desarma o coração receoso.

Na ausência de ruídos, ela ouve os pensamentos,
que parecem duelar entre si —
como quem procura um cantinho seguro
para existir sem pressa.

A madrugada não cura, não responde —
mas ampara.
Porque, no fim, não é sobre respostas.
É sobre o colo
que nos impede de cair.