o mundo assiste
mas não ouve
não sente
não vê
quem me vê inteiro
é o espelho
calado
firme
cruel
ali estou nu
sem cena
sem máscara
sem texto
o rosto que encaro
não mente
só repete
o que finjo esquecer
a plateia sorri
não importa
a palma que vale
é a do reflexo
na moldura quieta
mora o juiz
o medo
a criança
e eu
por trás do olhar
há perguntas
feridas
farsas
falhas que sonham
e eu
aplaudo?
fujo?
ou fico?
-
Autor:
Wander Motta (
Offline)
- Publicado: 17 de julho de 2025 14:31
- Comentário do autor sobre o poema: Quando escrevi essa poesia, eu não queria apenas olhar para mim — queria me ouvir no silêncio entre as frases. O espelho, mais do que imagem, virou presença. As palavras foram surgindo como quem hesita entre confessar ou calar. Cada espaço, cada ausência de pontuação, carrega a dúvida que me habita: será que sou quem vejo ou quem finjo ser quando ninguém está olhando?
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 1
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