o mundo assiste
mas não ouve
não sente
não vê
quem me vê inteiro
é o espelho
calado
firme
cruel
ali estou nu
sem cena
sem máscara
sem texto
o rosto que encaro
não mente
só repete
o que finjo esquecer
a plateia sorri
não importa
a palma que vale
é a do reflexo
na moldura quieta
mora o juiz
o medo
a criança
e eu
por trás do olhar
há perguntas
feridas
farsas
falhas que sonham
e eu
aplaudo?
fujo?
ou fico?