Antes de você,
Havia um silêncio pesado, mas sutil,
Como um relógio que gira sem ponteiros,
Um deserto que não sabe o que é sede.
Caminhei por ruas de sombras anônimas,
Onde cada rosto era um enigma partido,
Uma promessa que nunca se cumpriu.
As horas eram folhas que o vento esquecia,
Perdidas entre o ontem e o nunca.
Então você chegou.
Não como raio que rasga a noite,
Mas como um farol aceso no nevoeiro,
Um sopro que reacende a brasa adormecida.
Suas palavras eram ecos antigos,
Fragmentos de uma canção que eu já sabia
Antes mesmo de existir som.
Em seus olhos, o mapa de todos os caminhos.
Em seu sorriso, a chave de todas as portas.
O amor, porém, não é só luz.
É o espelho que não poupa rachaduras,
O peso de carregar outro coração
Dentro do seu.
Amar é despir-se de todas as máscaras,
E eu, nu, me vi pela primeira vez.
Hoje, o mundo ainda gira em desalinho,
Ainda há noites que se esquecem da lua.
Mas em mim, tudo encontrou seu lugar.
O que antes era silêncio,
Agora é música.
Se eu pudesse voltar,
Diria ao vazio que me habitava:
"Espere.
Há uma luz que ainda não conhece.
E quando ela chegar,
Até o silêncio aprenderá a cantar."
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Autor:
Sezar Kosta (
Offline)
- Publicado: 16 de julho de 2025 21:24
- Comentário do autor sobre o poema: Antes de você, minha vida era como uma cidade silenciosa antes do amanhecer — tudo ali, mas sem sentido. Eu vagava entre pessoas e dias como quem atravessa um sonho apagado, esperando algo que não sabia nomear. Quando você chegou, não trouxe milagres, mas acendeu pequenas verdades adormecidas em mim. Descobri que amar é permitir-se ser visto por inteiro, mesmo nas partes que tremem. E desde então, até o vazio dentro de mim parece ter aprendido a respirar com música.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 32
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, Spell mesclados, Melancolia..., simone carvalho dos Santos, Elfrans Silva
Comentários2
O seu poema narra a transformação íntima que o amor verdadeiro opera: de um vazio existencial silencioso e indiferente, nasce uma música interior reveladora e viva. Passa não se tratar de uma explosão repentina, mas de um despertar gradual — como se o coração reencontrasse algo que sempre esperou, mesmo sem saber. É uma ode ao poder silencioso da conexão, que revela, cura e preenche o que antes era ausência. O seu texto é delicado e profundo, com imagens poéticas de rara sensibilidade — você traduz o indizível com uma beleza serena e uma precisão emocional que toca fundo. Gostei muito!
Tão delicado e verdadeiro...
Amar é isso, despertar o que em nós estava adormecido. Parabéns!
Abraço poético.
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