Queria Comprar Mais Tempo.

Melancolia...

queria comprar mais tempo
numa esquina dessas da vida,
onde o relógio cansa de correr
e a saudade ainda te chama de mãe.

 

queria juntar moedas de segundos,
horas em punhados,
e trocar tudo por um domingo qualquer,
com teu cheiro no café,
tua voz me chamando pelo nome inteiro.

 

dizem que o tempo não se vende,
mas eu pagaria caro —
com meu riso, com meus passos,
só pra te ver mais uma vez
dobrando o lençol com aquele carinho antigo.

 

ficou tanta coisa em mim que era tua:
teu jeito de cuidar em silêncio,
teu abraço que curava tudo,
até o que doía por dentro.

 

e agora...
é como se eu vivesse com um pedaço faltando,
um amor que não cabe só na memória.
mãe, se o tempo fosse loja,
eu te comprava de volta.

15 jul 2025 (11:19)

Comentários +

Comentários3

  • Bela flor

    :'(

    • Melancolia...

      Só tristeza de todos os lados.

    • MAYK52

      O tempo existe sempre ao nosso dispor.
      Saibamos sim, aproveita-lo, para redescobrir o amor perdido, e voltar a conquista-lo de novo...

      Gostei deste poema, amigo Melancolia.

      Abraço fraterno.

      • Melancolia...

        Isso mesmo meu querido...
        Creio que o amor nunca morre....

      • Sezar Kosta

        Meu caro Melancolia,

        Seu poema "Queria Comprar Mais Tempo" me tocou como uma chuva fina de saudade em dia de sol. Há uma dor antiga em seus versos, essa dor que a gente carrega feito pedra no bolso, a dor da ausência que não cicatriza. Falar de querer comprar tempo, de trocar moedas de segundos por um domingo qualquer, é o delírio bom da alma que se recusa a aceitar o fim.

        Esse desejo de rever o cheiro do café, a voz que chama pelo nome inteiro, e o gesto simples de dobrar o lençol com carinho antigo... Ah, meu amigo, são essas miudezas que nos prendem ao que foi, que fazem a gente sentir o pedaço faltando, o amor que não cabe só na memória. A gente sabe que o tempo não se vende, mas o seu poema nos faz acreditar que, se pudesse, a gente pagaria com a própria vida, com o riso, com os passos, só para ter mais um instante.

        Ficou tanta coisa em você que era dela: o jeito de cuidar em silêncio, o abraço que curava até o que doía por dentro. E agora... agora é o vazio, a certeza de que a mãe não volta, e o amor que persiste, teimoso, como uma planta que brota em terra seca.

        Seu poema é a confissão de uma falta que não se preenche, um lamento sincero pela irreversibilidade da vida. É a prova de que certas presenças, mesmo quando se vão, continuam a habitar em nós, como sombras longas, lembrando-nos que o mais valioso, o tempo e o afeto, são justamente o que não se pode comprar.

        • Melancolia...

          Sinceramente....Sem comentários....
          Brilhante.....
          Satisfação meu caro amigo...



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