o amor passou, como quem cruza a rua
sem olhar pra trás, sem deixar perfume.
ficou no ar um resto de saudade crua
e o vazio exato onde cabia o costume.
foi tão calado o adeus que ele trouxe,
nem gritou, nem doeu de uma vez só.
só se fez ausência, e essa me consome —
como se arrancasse o que ainda era pó.
eu falo com ele às vezes, sem querer.
num café, num verso, num cheiro no vento.
a boca não diz, mas o peito faz doer
cada vez que lembro que foi mesmo tempo.
o amor passou, e eu fiquei em ruínas.
meu riso partiu, minha voz se esconde.
agora, só me visita em noites finas,
quando a memória chama e ele responde.
e eu? fico aqui, com o que não voltou.
meio sombra, meio gente, meio nada.
o amor passou — nem sei como ou por onde —
só sei que passou... e não levou a estrada.
12 jul 2025 (09:52)
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Autor:
Melancolia... (
Offline)
- Publicado: 12 de julho de 2025 08:52
- Comentário do autor sobre o poema: As vezes mesmo eu converso com ele(o amor), e não obtenho mais respostas.
- Categoria: Triste
- Visualizações: 10
- Usuários favoritos deste poema: Melancolia..., Bela flor
Comentários2
O amor é assim mesmo sapeca! Um dia vem,outro dia volta e o importante é que ele sabe que nosso coração sempre lhe abre as portas!
Verdade Maria...
Corações frágeis de amor,....
Belo comentário.
Como sempre o amor,ele nós faz nos sentir únicos,mas as vezes nos faz querer não existir mais,temos que saber lidar com ele.
E sempre sabemos que as vezes esse mesmo amor que cura feridas pode também criar feridas..
O amor realmente tem esse poder duplo — ele pode ser bálsamo ou tormenta. É incrível como algo que nos faz sentir tão vivos também pode nos deixar tão vulneráveis. Você captou bem esse paradoxo. Às vezes, o que mais nos cura é também o que mais pode nos ferir.
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