Melancolia...

O Amor Passou.

o amor passou, como quem cruza a rua
sem olhar pra trás, sem deixar perfume.
ficou no ar um resto de saudade crua
e o vazio exato onde cabia o costume.

 

foi tão calado o adeus que ele trouxe,
nem gritou, nem doeu de uma vez só.
só se fez ausência, e essa me consome —
como se arrancasse o que ainda era pó.

 

eu falo com ele às vezes, sem querer.
num café, num verso, num cheiro no vento.
a boca não diz, mas o peito faz doer
cada vez que lembro que foi mesmo tempo.

 

o amor passou, e eu fiquei em ruínas.
meu riso partiu, minha voz se esconde.
agora, só me visita em noites finas,
quando a memória chama e ele responde.

 

e eu? fico aqui, com o que não voltou.
meio sombra, meio gente, meio nada.
o amor passou — nem sei como ou por onde —
só sei que passou... e não levou a estrada.

12 jul 2025 (09:52)