Um colarinho gelado,
um sorriso ardente,
o céu se derrama em azul líquido,
leve como a gente.
O vento dança na pele,
o tempo tira os sapatos,
não há pressa, nem destino,
só o agora sem retratos.
O ouro no copo guarda
o fogo que vem do olhar,
brindamos sem dizer nada—
o silêncio sabe escutar.
Mas quantos perdem o instante
na pressa de chegar?
Só quem perdeu o agora
aprende a ficar.
Porque a vida é esse toque,
esse riso, essa brisa que passa.
Se tem tudo nesse agora,
não precisa de mais nada.
Isso é tudo. E quem sente: basta.
L. R. Ramos – janeiro de 2025
-
Autor:
L. R. Ramos (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 12 de julho de 2025 07:22
- Comentário do autor sobre o poema: Este poema nasceu da observação de um instante vivido por outra pessoa.\r\nNão celebra o “meu agora”, mas a possibilidade de um tempo comum, em que o sentir não é conquista individual, mas presença partilhada.\r\nEm tempos de excesso de “eus”, talvez bastasse um “nós que sente\\\".
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 7
- Usuários favoritos deste poema: L. R. Ramos, Fabricio Zigante
Comentários2
Às vezes, o instante mais íntimo é também o mais partilhado.
E há presenças que desobedecem ao tempo sem precisar dizer uma só palavra.
E isso se sente nesta poesia.
Lê-se como um gole lento de algo raro.
É poesia que não grita, apenas respira, e parece conhecer o exato peso de um instante.
Os versos são simples, mas não simplórios; há silêncio, pausa e presença em cada linha.
Ao final, fica a impressão de que, por um breve momento, até o tempo se deixou obedecer.
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.