Tinta sobre Carne

Versos Discretos

Te deitas como quem quer silêncio,
mas teu corpo clama por versos.
E eu — mesmo ausente —
sou a pena que tua mão procura no escuro.

Tua pele é o papel que me implora.
Tua flor, a página mais íntima.
E teus dedos, trêmulos,
são minha mão guiada pela tua saudade.

Te tocas como quem transcreve memórias,
como quem desliza a caneta em caligrafia lenta,
saboreando cada linha que nasce entre os lábios,
cada gemido que escorre entre as palavras.

Meu falo, no teu pensamento, é poesia dura.
É a haste firme que te escreve por dentro,
riscando tua carne com desejo,
alargando teu verso mais apertado.

Quando tua respiração se quebra,
não é gozo — é ponto final.
E teu corpo, exausto e tinto,
é poema terminado… mas nunca encerrado.

  • Autor: Versos Discretos (Offline Offline)
  • Publicado: 11 de julho de 2025 11:20
  • Categoria: Erótico
  • Visualizações: 4
  • Usuários favoritos deste poema: Feiticeira


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