O QUE OS OLHOS NÃO VEEM…

Sezar Kosta

Pare.

Inspire devagar.

 

Nem tudo reluz à superfície —

há segredos que se recolhem ao silêncio,

onde a vida murmura

o que o barulho esconde.

 

Olhe para a árvore:

não apenas pelas folhas que dançam,

mas pelos segredos que enraíza no tempo,

pela sombra que oferece sem pedir retorno.

 

Veja a flor que se abre sozinha,

cumprindo seu destino sem plateia

— esplendor de quem sabe florescer no anonimato.

 

Há universos no minúsculo:

no traço do voo do pássaro,

na disciplina da formiga,

na lágrima que permanece segredo.

 

Quem aprende a ver com sossego

compreende:

o mundo não se revela a passos apressados.

O essencial habita as frestas,

os instantes antes do dia nascer,

os olhos que ainda guardam fé.

 

Sim, há dor.

Mas também existe um amor que persiste,

mesmo quando tudo se veste de cinza.

Ele germina — esperança tímida,

sem alarde, mas com raiz profunda.

 

Se fores terno com teus passos

e delicado com teu olhar,

perceberás:

Deus não se impõe em brados —

Ele floresce em silêncio.

 

E então, tua vida será um canto,

não de palcos,

mas de alma em oração:

 

um sussurro que se faz eternidade.

  • Autor: Sezar Kosta (Offline Offline)
  • Publicado: 11 de julho de 2025 09:43
  • Comentário do autor sobre o poema: O texto aborda a importância de perceber o valor das pequenas coisas e dos detalhes quase invisíveis da existência. Ele nos convida a exercitar o olhar atento e sensível, encontrando beleza, sentido e esperança nos gestos simples, nos silêncios e nos processos naturais, em vez de buscá-los apenas no que é evidente ou grandioso. Trata-se de um chamado à contemplação, à paciência e à fé na delicadeza da vida, mesmo diante das adversidades.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 21
  • Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, Luana Santahelena
Comentários +

Comentários3

  • Rosangela Rodrigues de Oliveira

    Tem tanta coisa que passa desapercebido que o olhos não veem que só é percebido muitos anos depois por causa do corre e corre do dia a dia. Bonito seu poema. Bom dia poeta.

  • Luana Santahelena

    Você tem uma habilidade incrível de capturar emoções.

  • L. R. Ramos

    Sezar, que poesia bela e serena, escrita com ternura, precisão e presença.
    Você tratou do invisível com mãos delicadas, deixando que o silêncio dissesse o essencial.
    Aproveito a harmonia do tema e te convido, se quiser, a ler A Desobediência do Tempo.
    Talvez haja ali também um instante que se recusa a passar depressa.



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