Era só uma pedrinha.
Pequena,
mas teimosa.
Ficava ali, entre o passo e o incômodo,
me lembrando que nem tudo estava bem.
Eu seguia, mesmo mancando por dentro.
A dor era discreta, mas constante.
E no fundo,
eu já tinha me acostumado com ela.
Até que um dia,
parei.
Descalcei.
E percebi...
não era sobre a pedra ser grande,
mas sobre o quanto ela me tirava a leveza.
Agora que tirei,
não é que eu sinto falta.
É que reconheço o alívio.
É que o silêncio da dor me mostra
que por muito tempo
doeu mais do que eu admitia.
E agora que não dói,
eu não quero correr.
Quero caminhar com calma,
sentindo o chão inteiro,
sem tropeço,
sem pressa,
sem pedrinha.
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Autor:
SDafny (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 9 de julho de 2025 08:33
- Comentário do autor sobre o poema: Esse texto nasceu de uma percepção importante. Nem todo bem-estar vem de algo novo que chega, às vezes vem do que finalmente vai embora. A metáfora da pedrinha no sapato representa aquele incômodo sutil, constante, que a gente aprende a ignorar, mas que nos impede de andar com leveza. O poema não fala de saudade da dor, nem de um amor que passou. Fala do alívio. Do momento em que a gente percebe que já não dói. Que está bem, não porque preencheu o vazio com outra coisa, mas porque o que apertava saiu, e agora há espaço. Não é sobre buscar outro amor. É sobre reconhecer que, hoje, há paz onde antes havia ferida.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
- Usuários favoritos deste poema: SDafny
Comentários1
Poema de muita reflexão, e muito bem construído para valorizar o conhecimento de quando a "pedrinha" é o motivo de não deixar sarar a ferida
Parabéns pela poesia, e pela força e coragem
Saudações Poetisa
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