Fugindo de mim...
me alcanço.
Destruindo o que fui...
renasço.
Entre ruínas e paredes novas,
sou abrigo e abandono,
sou lar e tempestade.
;
Construo pontes
com as mãos que também derrubam.
Acaricio com dedos
que já feriram(!)
Castigo-me
enquanto me perdoo.
Desperto e adormeço
no mesmo pensamento.
;
– Escrevo
– Leio
– Apago
– Rabisco
– Corrijo
;
E sigo...
:
Sou o autor do livro que não sei o fim.
Cada página...
um dia vivido às cegas.
;
No palco,
sou luz e sombra.
Cenário e bastidor.
Silêncio e aplauso.
Falo comgo em voz alta,
e me escuto em silêncio...
;
As palavras que me vestem
me despem
me protegem,
mas também me expõem.
;
Crio cenas
que ninguém vê(!)
;
Vivo momentos
que ninguém sente.
Interpreto papéis
que só eu entendo.
E mesmo quando me explico,
não sou compreendido...
;
Sou diretor do acaso,
ator do improviso,
roteirista do instante.
Sou plateia de mim,
mas ninguém mais assiste.,,
;
No teatro da minha existência,
sou espetáculo contínuo.....................
;
E no final de cada ato,
a cortina cai
diante
de um único olhar:
o meu.
-
Autor:
Wander Motta (
Offline)
- Publicado: 8 de julho de 2025 08:05
- Comentário do autor sobre o poema: Quando escrevi esse poema, revisitei um texto meu de 2008 com um olhar mais maduro, mais vivido — e talvez, mais questionador. Esta é uma releitura não apenas estética, mas existencial. Reescrever foi como reencontrar uma versão antiga de mim mesmo, rasgar algumas verdades que já não cabem e costurar outras, mais frágeis, porém mais reais. Na época, havia uma urgência em me compreender; hoje, há uma aceitação de que nem tudo precisa ser entendido — apenas vivido. As contradições continuam, mas agora fazem parte do roteiro. O poema fala disso: da construção e da desconstrução, do palco interno onde todos os dias sou ator, plateia, e por vezes, silêncio. Reescrevê-lo foi, de certa forma, renascer com ele.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 4
Comentários1
E o poema foi um presente para seus leitores! Parabéns pelo primor de poema refeito com seu talento maduro. Ganhamos nós,seus leitores ! Aplausos de pé!
Muito obrigado pelas palavras tão generosas! Saber que essa releitura tocou você dessa forma me emociona e me faz lembrar por que continuo escrevendo. Revisitar esse poema foi, de fato, um exercício de escuta — de mim mesmo e do tempo que passou. E poder compartilhar isso com leitores atentos e sensíveis como você é um verdadeiro presente. Recebo esses aplausos com o coração cheio de gratidão!
Na verdade,a beneficiada fui eu ao te ler ,um verdadeiro deleite. Talento e sensibilidade são teus dons!
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