Nocturne para a Carne que Me Escapa

Versos Discretos

És tirana do meu sossego, rainha do meu tormento,
Teus seios — hemisférios de um mundo que jamais conquistei,
Cintura que se afina como promessa de perdição,
Quadris, território onde minha sanidade se dissolve.

Coxas que guardam labirintos de calor e vertigem,
Pele alva, feita para o roçar de bocas famintas,
Tua presença é incêndio que nenhum rio apaga,
Tua ausência — um veneno que bebo em cada madrugada.

Teu sorriso é o presságio da minha ruína,
Teu olhar, esse abismo em que me precipito sem salvação,
És sinfonia de gemidos que ecoam na minha memória,
E eu, cativo desse coro proibido, não encontro paz.

Se sou feito de carne, és o desejo que me devora,
Se sou feito de alma, és a heresia que me corrompe,
E eu, condenado a querer-te além de todos os limites,
Carrego este lamento: saber-te inteira — e não poder jamais provar teu infinito.

  • Autor: Versos Discretos (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de julho de 2025 11:57
  • Categoria: Erótico
  • Visualizações: 4
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia...
Comentários +

Comentários1

  • Melancolia...

    Uau... que poema intenso e arrebatador. A paixão aqui não é apenas sentimento — é quase uma maldição sagrada, um desejo que queima e consome. Os versos carregam uma sensualidade crua, mas profundamente poética, misturando o sagrado e o profano, o amor e o tormento. É impossível não sentir a dualidade entre o êxtase e a dor, entre o querer e o impossível. Um grito lírico de quem ama com o corpo, com a alma, e com a condenação de saber que não terá o que tanto deseja. Bravo — é poesia em estado febril.

    • Versos Discretos

      Obrigado Melancolia, você capitou o sentimento por trás.



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