És tirana do meu sossego, rainha do meu tormento,
Teus seios — hemisférios de um mundo que jamais conquistei,
Cintura que se afina como promessa de perdição,
Quadris, território onde minha sanidade se dissolve.
Coxas que guardam labirintos de calor e vertigem,
Pele alva, feita para o roçar de bocas famintas,
Tua presença é incêndio que nenhum rio apaga,
Tua ausência — um veneno que bebo em cada madrugada.
Teu sorriso é o presságio da minha ruína,
Teu olhar, esse abismo em que me precipito sem salvação,
És sinfonia de gemidos que ecoam na minha memória,
E eu, cativo desse coro proibido, não encontro paz.
Se sou feito de carne, és o desejo que me devora,
Se sou feito de alma, és a heresia que me corrompe,
E eu, condenado a querer-te além de todos os limites,
Carrego este lamento: saber-te inteira — e não poder jamais provar teu infinito.