Querida eu,
(ou melhor, querida mulher que eu fui),
Preciso te escrever. Não pra te culpar, mas pra conversar com você, com calma, como nunca fizemos antes. Eu sei que você quis acertar. Eu sei que você acreditou — em promessas, em planos, em ideias suas sobre o mundo. E sei também que você fechou os ouvidos a muita coisa. Aconselharam você, te olharam com carinho e disseram: “cuidado”. Mas você achou que dava conta sozinha.
Você foi valente…, mas também foi teimosa. E tudo bem. Às vezes, é só assim que a gente aprende: errando com gosto, quebrando com força.
Hoje, não te julgo. Só te entendo.
O que você não viu, eu vi depois. O que você ignorou, eu acolhi. E aquele vazio que você não sabia nomear? Hoje eu chamo de saudade da própria verdade.
Eu ando com mais calma agora. Olho para trás com ternura e para frente sem pressa. Tudo que você viveu — até os enganos — me trouxe até aqui. Então, obrigada.
Com amor,
de quem ainda acredita,
mas agora, com os pés no chão.
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Autor:
Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 29 de junho de 2025 10:24
- Comentário do autor sobre o poema: Às vezes achamos que temos todas as respostas, que enxergamos o mundo com clareza. Mas só depois da queda percebemos que ignorar os alertas e confiar cegamente nos sentimentos pode nos deixar vazios. A certeza vira dúvida, e o amor vira silêncio. No fundo, saber pouco e escutar mais talvez fosse o verdadeiro caminho. Agora, entre o que foi sonhado e o que restou, sobra apenas o eco de tudo o que não foi compreendido.
- Categoria: Carta
- Visualizações: 14
- Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, Sezar Kosta, Melancolia...
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