Luana Santahelena

Carta Pessoal – “Para a mulher que eu fui”

Querida eu,
(ou melhor, querida mulher que eu fui),

Preciso te escrever. Não pra te culpar, mas pra conversar com você, com calma, como nunca fizemos antes. Eu sei que você quis acertar. Eu sei que você acreditou — em promessas, em planos, em ideias suas sobre o mundo. E sei também que você fechou os ouvidos a muita coisa. Aconselharam você, te olharam com carinho e disseram: “cuidado”. Mas você achou que dava conta sozinha.

Você foi valente…, mas também foi teimosa. E tudo bem. Às vezes, é só assim que a gente aprende: errando com gosto, quebrando com força.

Hoje, não te julgo. Só te entendo.

O que você não viu, eu vi depois. O que você ignorou, eu acolhi. E aquele vazio que você não sabia nomear? Hoje eu chamo de saudade da própria verdade.

Eu ando com mais calma agora. Olho para trás com ternura e para frente sem pressa. Tudo que você viveu — até os enganos — me trouxe até aqui. Então, obrigada.

Com amor,
de quem ainda acredita,
mas agora, com os pés no chão.