Manual para Sobreviver ao Amor

Luana Santahelena

Menina,

 

dizem que o tempo costura,

mas a pele não conta

os silêncios do osso,

nem o fio solto

do gesto que corta

feito faca cega.

 

Viro panela esquecida no fogo,

guardo segredo no fundo,

faço promessa pra santo

de nome esquecido,

e sigo —

piso leve, quase vento,

abro a janela só de siso,

pra entrar o cheiro bom da rua.

 

Quero amor sem pressa,

olho que me ache bonita

nos dias de sombra.

E se tropeço,

é que aprendi a pisar macio,

sem acordar as mágoas

que dormem embaixo da cama.

 

Sou mulher remendada,

mas inteira,

bordada de esperança:

um dia,

quem sabe,

a vida me faz cafuné

no silêncio do quarto.

 

  • Autor: Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 28 de junho de 2025 13:55
  • Comentário do autor sobre o poema: Às vezes, sobreviver ao amor é sussurrar esperança entre os retalhos das dores e, mesmo remendada, abrir a janela — só um pouquinho — para o vento bom da vida entrar. Que nunca nos falte coragem para sermos inteiras, mesmo quando a alma parece costurada à mão.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 24
  • Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, Melancolia...
Comentários +

Comentários1

  • Melancolia...

    Mais que lindo...
    Bravo.



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.