a última

Willie Stchaikovski

não quero outras bocas

já provei desejo demais

que acabou com gosto de tédio

e gente pela metade

 

não quero explorar outro corpo

já cansei de fingir interesse

em pele que esquenta

mas não me arrepia

 

ela é a última

porque amar depois dela

é igual trepar de ressaca:

a gente faz,

mas sente que já morreu por dentro

 

e eu não quero morrer novamente

 

ninguém mais me desmonta

como ela faz

com aquele riso sujo

de quem já transou com a minha cabeça

antes mesmo de tirar a roupa

 

é a calcinha dela que eu quero arrancar

com os dentes

como quem abre a última carta

antes de desistir do jogo

 

é ela

quem eu quero beijar

com raiva e fome

como quem come a própria última ceia

 

não quero conhecer outro nome

não quero fingir que me importo

com signo, ex, drama ou playlist

 

não quero recomeçar

não quero ensaiar

não quero tentar

 

quero ela

 

do jeito que é:

caótica, difícil, quente demais

pra caber em qualquer fantasia de amor limpo

 

porque o amor que eu quero

é o que queima a língua

e arde por dias

 

e ela, porra…

ela é incêndio puro

 

o resto

é só isqueiro molhado.

  • Autor: Willie Stchaikovski (Offline Offline)
  • Publicado: 26 de junho de 2025 16:13
  • Comentário do autor sobre o poema: E aí, gente! Estou publicando meus textos e poesias no instagram: @manualquasehomem
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 2


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