não quero outras bocas
já provei desejo demais
que acabou com gosto de tédio
e gente pela metade
não quero explorar outro corpo
já cansei de fingir interesse
em pele que esquenta
mas não me arrepia
ela é a última
porque amar depois dela
é igual trepar de ressaca:
a gente faz,
mas sente que já morreu por dentro
e eu não quero morrer novamente
ninguém mais me desmonta
como ela faz
com aquele riso sujo
de quem já transou com a minha cabeça
antes mesmo de tirar a roupa
é a calcinha dela que eu quero arrancar
com os dentes
como quem abre a última carta
antes de desistir do jogo
é ela
quem eu quero beijar
com raiva e fome
como quem come a própria última ceia
não quero conhecer outro nome
não quero fingir que me importo
com signo, ex, drama ou playlist
não quero recomeçar
não quero ensaiar
não quero tentar
quero ela
do jeito que é:
caótica, difícil, quente demais
pra caber em qualquer fantasia de amor limpo
porque o amor que eu quero
é o que queima a língua
e arde por dias
e ela, porra…
ela é incêndio puro
o resto
é só isqueiro molhado.