Acordo quando o sol ainda sonha,
meu cabelo — bandeira indômita —
dança sem pedir licença,
como eu.
A casa exala um resto de sonho,
café esquecido,
louça sussurrando histórias
que só quem não cabe nas formas escuta.
Não me disfarço em roupas alheias:
visto memórias,
tecidos que guardam cicatrizes,
costuras de tempo.
O espelho, cúmplice antigo,
não me acusa;
devolve um olhar inteiro,
mesmo feito de fragmentos,
mesmo tecido em remendos.
Carrego a coragem quieta,
que não precisa de alarde,
anda comigo —
descalça,
ou de salto torto,
mas nunca vacila.
Unhas descascadas denunciam
pequenas guerras vencidas,
vitórias miúdas,
sorrisos guardados
no bolso da rotina.
Há beleza no torto,
no que escapa à moldura,
no real que pulsa,
no caos que abraça.
Sigo, mesmo quando o dia desafina,
cabelo em desordem,
batom pela metade —
porque aprendi:
o caos é lar,
e ser verdadeira
é urgência.
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Autor:
Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 25 de junho de 2025 06:07
- Comentário do autor sobre o poema: Aceitar o próprio caos e as imperfeições do dia a dia é reconhecer que a vida não cabe em padrões rígidos. É valorizar a autenticidade, acolher as falhas, as bagunças e as marcas que fazem parte da existência. Ao invés de buscar constantemente a perfeição, trata-se de abraçar aquilo que é real e singular em cada um, encontrando força e beleza nas pequenas desordens e nos detalhes imperfeitos que nos tornam únicos.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 11
- Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, MAYK52, Sezar Kosta
Comentários1
O caos diário é uma constante na nossa vida. Cabe-nos a nós descomplicar esse caos, para termos uma passagem livre de confusão para o nosso bem estar.
Gostei deste poema, amiga Luana.
Abraço.
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