Me finjo de bem por fora
Mas as vezes ainda sinto que não tenho vida
A poesia foi minha única saída
Tão morta, tão melancólica
Mas mesmo assim tão viva
Que se não fosse por ela eu já estaria lá em cima
É...
Ser poeta é ser foda
Mas não é foda ser poeta
A não ser que seja do assunto que os interessa
E quando finalmente você se expressa
Assina o testamento dedicando tudo a quem quer ver você na merda
E eu sinto culpa por ser branco
Fazendo rap sobre racismo
Mesmo esse sistema não esteja de mal comigo
Não me confundem com bandido
Não me matam sem sentido
Me tratam como um, mesmo sabendo que não sou santo
Não existem privilégios culturais na minha cor
Sou apenas parte de um passado escravocrata de dor
Me provoca ardor
Na garganta toda vez que me lembro que quem canta o que eu canto não é reconhecido como cantor
Só por ser preto
Purificou minha alma
Me utilizo da falta dela
Enquanto minha mina fala:
"Calma amor"
Mas se eu for um pouco mais calmo
Eu aponto a arma na cabeça e atiro antes de terminar esse terror
Penso se pensar fará eu morrer cedo
Hoje em dia me cansa até ficar de joelhos
Sim, tenho que partir pro apelo
É que uma lágrima só banha bem mais que o chuveiro
É foda que a rima boa só chegue
Quando a sanidade se esvai
E o que mais assusta é falar o bye
Estou limpando minhas feridas com sais
E pareço um velho:
"Porra eu só quero paz!"
Meu querido avô
Obrigado pelo teclado
Que inclusive uso muito nos meus desabafos com rima
E quando você estiver lá em cima, diga que eu não fiz por mal
Sei que você
Ainda tem vida
Mas sinceramente
Você já virou estatísticas
Penso se também terei Parkinson
Tomara que não seja de família
Obrigado por me apresentar a música
Agora sou um artista
Não era o que você precisava
Mas era o que você queria
E eu queria ter passado mais tempo com você
Quando eu era bebê, brincávamos pra valer
E hoje você só brinca de ir da cozinha pro quarto da TV
Antes o que era o olhar firme
Virou o corpo a tremer
Quem dera eu pudesse voltar no tempo
Viver aquilo tudo, de novo
Muito egoísmo da minha parte, eu admito
E hoje você mal corre
Está gordo
Guardarei você junto as almas que guardo junto a minha
Sou o próprio purgatório ambulante
Não sabia?
Purifico as almas dos outros
Apodreça a minha
E de tão podre minha alma eu faço a porra dessas rimas
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Autor:
MAKSNOMAX (
Offline)
- Publicado: 18 de junho de 2025 15:01
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
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