No fogão de lenha do tempo,
ponho pra ferver as mágoas,
mas é o açúcar das bênçãos
que adoça meu café da manhã.
Escolho todo dia:
se remoendo o que falta,
ou agradecendo o que sobra.
Valorizar os que ficam,
ou chorar pelos que partem.
Aprendi com a terra e com as pedras —
cada escolha é um pão quentinho,
feito com as mãos da esperança,
pra repartir com quem chega
e aquecer o coração.
-
Autor:
Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 17 de junho de 2025 09:40
- Comentário do autor sobre o poema: O dia não vem pronto: nasce do jeito que a alma costura. Se bordarmos gratidão, floresce. Se puxarmos a linha da falta, encolhe. Depende do que a gente decide vestir.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 16
- Usuários favoritos deste poema: Bulaxa Kebrada, Sezar Kosta
Comentários1
Que beleza essa sua "Receita de Escolher o Dia"! Senti o cheiro do café coado no fogão de lenha, e o sabor do açúcar das bênçãos adoçando a manhã. A vida, minha filha, é mesmo isso: um preparo diário, uma arte de cozinhar o que nos é dado. E você, com a sabedoria de quem sabe das coisas, nos mostra que a panela está em nossas mãos.
É uma escolha, você diz, entre "remoer o que falta, ou agradecer o que sobra". Que simplicidade e que profundidade nisso! A gente passa a vida correndo atrás do que não tem, quando a fartura está bem ali, no que sobrou, no que ficou, na brisa que nos toca. É o velho dilema do copo meio cheio ou meio vazio, mas você o transforma em uma receita para a alma.
"Valorizar os que ficam, ou chorar pelos que partem." Ah, essa é a dança da vida e da morte, do encontro e da despedida. E a sabedoria, essa senhora que mora na terra e nas pedras, nos ensina que cada escolha é, sim, um "pão quentinho". Um pão feito com as mãos da esperança, não para guardar só para si, mas para "repartir com quem chega".
Porque o que importa, no fim das contas, não é a ausência do que se foi, mas o calor do que se pode oferecer agora. É a generosidade que aquece o coração, que faz a vida valer a pena.
Parabéns, Luana, por essa receita que é um presente para a alma. Que continuemos todos a escolher nossos dias com essa mesma sabedoria, adoçando o café com as bênçãos que sobram e repartindo o pão da esperança. Que a sua cozinha da vida continue sempre a exalar esses aromas de bondade e gratidão.
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.