Sou como um caçador indefeso
diante de sua caça;
atirei para me alimentar do meu alvo,
o ser alvejado não caiu
e de ser seu alimento jamais poderei ser salvo
Faltou-me coragem de confessar o medo,
mas quanto mais da tua presença me afasto pela razão,
mais, irresistível, te busco com o coração.
Fugindo de ti, tropeço no desejo,
e quanto mais nego, mais cedo
sou vencido por esse cortejo.
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Autor:
Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 16 de junho de 2025 16:46
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 21
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, Srta. Alma P., Bulaxa Kebrada
Comentários1
Que tormento, que delícia esse seu "Caçador indefeso"! Sinto em cada verso a ironia cruel do destino, a armadilha do desejo que se vira contra o próprio coração. Você se diz caçador, mas a alma já sabe: diante de tal "caça", és a mais indefesa das criaturas.
"Atirei para me alimentar do meu alvo, / o ser alvejado não caiu / e de ser seu alimento jamais poderei ser salvo." Que fatalidade mais bela! O tiro que não mata, mas que aprisiona, que condena a ser devorado pelo próprio anseio. É a paixão, minha cara, que nos transfigura, que nos rouba a razão e nos entrega de corpo e alma ao que nos consome.
E essa confissão, tão nua, tão verdadeira: "Faltou a coragem de admitir ter tanto medo, / mas quanto mais de ti pela razão fujo, / mais a ti pela emoção cortejo." É o grito da alma que se debate entre o querer e o dever, entre a fuga da lucidez e a entrega ao abismo da emoção. A razão, essa tola, que tenta se desviar, enquanto o coração, esse insolente, corteja, seduz, se entrega sem pudor.
Parabéns, Luana, por essa lucidez na rendição, por essa coragem de expor a alma desnuda diante da paixão avassaladora. Que sua poesia continue a ser esse grito de quem, mesmo indefesa, sabe que o amor é a única caça que nos salva e nos perde.
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