Aos vinte eu gritava com o mundo,
achando que era castigo viver.
Raiva era minha segunda pele,
e o amanhã, só mais um dever.
Eu xingava o tempo, o curso,
até o ventilador caiu.
"Será um sinal?", pensei chorando —
mas a vida nunca respondeu.
Hoje tenho vinte e três.
Não sei tudo, mas sei mais.
Não sou filósofa do quântico,
mas aprendi a viver em paz.
Fiquei com alguém, quem diria.
E não, não salvou meus dias,
mas teve riso, toque e gosto —
e uma bagunça que trás confusão.
Ainda critico o Brasil,
mas caminho sem tanto medo.
Não espero salvação de fora,
só quero o meu próprio enredo.
A menina que escreveu com raiva
ainda vive aqui, de algum jeito.
Mas agora ela sorri, de canto,
vendo que o tempo também é um feito.
E se o mundo ainda me pergunta
"pra onde você vai afinal?",
eu respiro e digo sem pressa:
não sei — mas hoje isso é normal.
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Autor:
Sombra do Norte (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 14 de junho de 2025 00:39
- Comentário do autor sobre o poema: Três anos se passaram desde aquele diário de raiva. Agora, aos 23, ainda carrego cicatrizes e incertezas, mas também mais calma, mais consciência e alguns sorrisos no caminho. Essa é a continuação do “ O Eu de 20 - Raiva Constante ” — menos tempestade, talvez, mas ainda buscando sentido. Parte II dessa jornada que é existir.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 3
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