Namorar é como descobrir um restaurante novo numa rua esquecida: a princípio, tudo é promessa e novidade, cardápios abertos e olhos curiosos. Depois de algumas visitas, você já sabe que o garçom vai trocar a sobremesa, mas, mesmo assim, volta.
Tem a fase em que você finge gostar de jazz, balançando a cabeça no ritmo do desconhecido, só para depois, num domingo qualquer, confessar que seu coração bate mesmo é no compasso do sertanejo. E, surpreendentemente, a pessoa fica. Porque o amor, quando é de verdade, é resistente ao ridículo.
Namorar é praticar o esporte radical de dividir a coberta em noites frias, é descobrir que o outro tem o pé gelado, uma estranha paixão por empilhar louça e opiniões políticas que desafiam a sua paciência.
Mas é também saber que existe alguém que ri da mesma piada idiota, que finge surpresa diante do presente comprado às pressas, e que transforma um domingo chuvoso e um filme ruim no melhor lugar do mundo.
A arte de namorar não está nas flores ou nos jantares à luz de velas: está na manutenção silenciosa, no esforço cotidiano de permanecer, de sorrir, de recomeçar.
Se você consegue atravessar tempestades pequenas – um café derramado, um mau humor passageiro, um silêncio incômodo – e ainda assim escolhe ficar, parabéns: você aprendeu que o amor se constrói nos detalhes, entre pratos trocados e cobertas divididas.
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Autor:
Sezar Kosta (
Offline)
- Publicado: 13 de junho de 2025 00:15
- Comentário do autor sobre o poema: Namorar é um esporte de risco. Você começa com um “oi”, passa por horas de WhatsApp, e de repente está decidindo quem vai pegar a pizza no portão. Tem o frio na barriga do primeiro beijo, o terror de conhecer a sogra e a negociação sobre o controle remoto. Mas também tem os pequenos milagres: rir junto de uma piada ruim, dividir o último pedaço de chocolate, inventar apelidos ridículos. O problema é que ninguém avisa que, no namoro, os dois estão sempre sujeitos à prorrogação — e, às vezes, até aos pênaltis.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 7
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta
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