Olho em volta e vejo um país atrasado em tudo.
Sim, em tudo... até na maldade.
Por falar nisso, por que não falamos de Nazis?
Sim, Nazis.
Gente que, como sabemos, são animais,
ou, como se chamam a si mesmos, “arianos”.
Portugal agora quer ser “ariano”;
Portugal quer ser animal — mas com estilo e classe.
Portugal tem uma história de origem.
Portugal não nasceu do vácuo.
Portugal nem sempre foi animal.
Mas agora é “ariano”.
Ora, como pode, então,
um país descendente de Ibéricos,
de Tartéssios, de Fenícios, de Cartagineses,
de Celtas, de Judeus,
de Romanos, de Visigodos,
de Berberes, de Sírios,
e até de Africanos,
vir dizer agora que é “ariano” puro?
Animal puro, talvez — mas “ariano”, não.
Se bem que, hoje, a diferença entre ariano e animal
é tão fina quanto a diferença entre
Cristão-novo e Cristão-velho.
Quem consegue dizer quem descende deste
ou daquele?
O sangue é todo vermelho.
Portugal é nação que, ao contrário do que diz o ignorante,
não expulsou o muçulmano na totalidade;
antes, com ele se misturou.
Um tornou-se no outro.
Reconquista foi sangue e sémen,
morte e amor,
separação e fusão.
Portugal é terra de passagem,
passagem de centenas de civilizações,
passagem de milhares de culturas,
passagem de milhões de gentes.
E agora,
como piada de mau gosto, vejo portugueses
a fazer a saudação nazi, com os braços cobertos
por uma pele escura — pele mediterrânea.
O que é ser português?
O que é um português?
Se é nascer aqui, então a raça não importa.
Se é descender de um povo, então... de qual deles?
Neste momento, ser português é ser atrasado.
É ser o último a perceber a piada.
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Autor:
Paulo de Tarshish (
Offline)
- Publicado: 11 de junho de 2025 16:54
- Categoria: SociopolÃtico
- Visualizações: 2
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