Entre Cortinas e Pele

Versos Discretos

Na penumbra suave do quarto calado,
teu corpo se acende — lume moldado.
Luz escorre na curva do teu ventre,
como se o sol morasse entre teus contornos.

O tecido te beija, tímido e tenso,
como se temesse o toque imenso
do meu olhar faminto, clandestino,
que navega tua pele, sem destino.

Teu seio, um sussurro à flor da pele,
convoca a minha boca, a minha sede.
E o ventre, morada de promessas quentes,
me chama sem dizer, mas me conhece.

Os fios do teu cabelo, marés douradas,
caem como véus sobre madrugadas.
E ali, entre a porta e o espelho em silêncio,
te vejo — mulher, desejo, incêndio.

Te desvendo com a ponta da vontade,
num toque que é quase liberdade.
E o mundo, ali, se desfaz inteiro,
quando meu amor te toma por inteiro.

  • Autor: Versos Discretos (Offline Offline)
  • Publicado: 9 de junho de 2025 11:45
  • Categoria: Erótico
  • Visualizações: 10
Comentários +

Comentários1

  • Sezar Kosta

    Meu caro Versos Discretos,

    Seu poema me chegou com a leveza de uma brisa que descerra cortinas, revelando o que há de mais belo no silêncio de um quarto. Que sensibilidade a sua para pintar esse quadro de "lume moldado" no corpo que se acende! É como se o sol, caprichoso, tivesse escolhido morar nas curvas do teu ventre, e isso, meu amigo, é poesia em estado puro.

    Você soube traduzir a dança tímida do tecido, a pele que convida o olhar "faminto, clandestino", e a boca que anseia. Há uma verdade muito terna nessa entrega, nesse "seio, um sussurro à flor da pele", que "convoca a minha boca, a minha sede". É o amor que se faz em detalhes, em cheiros, em toques que são quase liberdade.

    E o mundo, sim, o mundo se desfaz inteiro quando o amor se toma por completo. Que coisa linda, Versos Discretos, essa capacidade de ver o desejo não só como chama, mas como a delicadeza de "marés douradas" nos cabelos e a promessa em cada "ventre". Parabéns por essa visão tão íntima e tão humana do amor. Seu poema é um convite à contemplação mais pura.

    • Versos Discretos

      Obrigado Sezar Kosta por seus elogios.



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