A verdade
Aquele moço
Da rua de cima
Que andava cabisbaixo
Ensimesmado
Falando sozinho
Desconfiado.
Apareceu hoje
Gritando discurso
Com os olhos arregalados
Pulou de dentro dele
A verdade
Ele dizia com uma voz
Desregulada:
" eis a verdade"
A verdade deve ter lhe aparecido em sonho
Toda fascinante
Com vestido de cetim
Daqueles dos camelôs
Toda brilhante.
A verdade dos sofistas
Cheia e absoluta
Possuiu aquele homem
Agora ele bebe verdade
De manhã no seu café
E sai pelo dia afora
Vomitando a sua descoberta
Cada passo do caminho
É passo de professor
Pra ensinar pro mundo inteirinho
O alfabeto do doutor.
A verdade lhe escapa
Pelos olhos,
Pela boca
Pelos poros
Corre no sangue
Bate em seu peito
Um oração desritmado.
Agora vejo assustado
A verdade morando
Na rua de cima
Que engoliu aquele moço
Coitado do pobre homem
Agora vive morrido
Sendo digerido feliz
Na barriga
Da certeza
Antonio Olivio
Quem encontrou a verdade apenas encontrou uma mentira convincente..
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Autor:
Antonio Olivio (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 30 de maio de 2025 14:50
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4
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