Ensaios de uma Rosa e um Cadáver ( conto )

Lemos de Sousa

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Profundezas

ferrugíneas —

Nosso leito

conjugal,

Que perfumes

não declina —

Só os une 

a odor mau! ( ... )

 

"Pouco importa 

minha sina,

Estou morta

e o vermelho 

É o sangue 

de teus dedos —

só ferindo 

meus espinhos" ( ... )

 

Teu caminho 

de tristezas —

Teu desprezo 

me venerem

Se uma lágrima

não caiu —

Se uma lágrima 

há que reste —

Se por ti

sou outras mil! ( ... )

 

"Pouco importa 

o teu amor

Contrapor —

ser meu fim,

Sou flor murcha

e ainda flor —

Entre vermes

e cupins!" ( ... )

 

Meu caixão

sendo adubo,

Serei teu

jardim de ossos —

E um casulo

só de moscas 

Selaria 

beijos nossos! ( ... )

 

"Há lá fora

tantos anjos,

Todos pálidos

e sem súplica —

Só reinando 

a irmã morte —

Tem por trono

covas fundas!" ( ... )

 

Pois de inferno 

farei céu —

Teus espinhos 

a cercando —

Serão vasos

de caveira 

E mais lindo 

teu descanso! ( ... )

 

 

"Ouço um sino 

badalar"

 

— É a igreja!

 

"Pouco importa"

 

— Silencia 

tua voz

 

"Todos nós"

 

 — E então chora? ( ... )

 

  • Autor: Lemos de Sousa (Offline Offline)
  • Publicado: 27 de maio de 2025 19:22
  • Categoria: Gótico
  • Visualizações: 3


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