LIRA DO ADEUS

Adieu ! mot qu'une larme humecte sur la lèvre;
Mot qui finit la joie et qui tranche l'amour;
Mot par qui le départ de délices nous sèvre;
Mot que l'éternité doit effacer un jour !

— Alphonse de Lamartine

Teus róseos lábios vejo se abrindo
Para me dizer um triste adeus...
Para desfazer o tão lindo romance,
Para findar os doces sonhos meus!

Assim a nossa estrela se apaga,
Um platônico... mas profundo amor,
Como duas crianças inocentes amando,
Sorrindo, sem sofrimento, sem dor!

Adeus! Tão tristemente pronunciam
Teus vistosos lábios que muito amei,
Oh! Imensamente e ainda hoje amo,
Estes lábios mesmos que jamais beijei!

Nós fomos bons amantes sem toques,
Dois corpos que jamais se uniram,
Nós éramos tão felizes amando assim...
Mas essas felicidades hoje partiram!

Não vás embora, minha bem-amada,
Aos teus pés eu suplico chorando,
Vês que deixarás minh'alma enlutada,
Solitário, longe de ti, na vida penando!

Para tão longe partirá sem retorno,
Minha Musa lamentavelmente exilada,
Distante do alcance que meus olhos
Poderiam ver tua imagem amada!

Oh! Eu vejo uma lágrima demente,
Rolando por teu rosto, tão sentida...
É uma lágrima que cai tristemente
No teu adeus, em tua despedida!

Adeus! Os lábios teus me dizem,
Eu não posso ao meu lado te prender,
Mas tenhas uma certeza, ó donzela,
Distante de ti não poderei viver!

Tua partida tem frias garras cruéis,
É um triste adeus este que suspira
Tão profundamente melancólico
Como um lamento, uma chorosa lira!