A vida ensina com passos miúdos,
sem relógio,
faz a gente tropeçar no próprio cadarço
e, entre o susto e o riso,
descobrimos que cair também é caminho.
Amar a si não é vaidade —
é sede antiga,
é o pão ainda quente
que a manhã reparte com a gente
no silêncio da mesa.
O perdão machuca como sapato novo,
aperta, incomoda,
até que o tempo,
com mãos de paciência,
amacie o couro e o coração.
Empatia é escutar sem costurar respostas,
deixar o silêncio bordar
um entendimento manso
entre duas vozes cansadas.
Imperfeições?
São retratos amarelados,
guardados no fundo da gaveta —
às vezes pesam,
mas têm cheiro de quem fomos
e não se joga fora.
Desafios chegam feito ventania,
ameaçam dobrar nossos ossos,
mas a gente aprende a ser bambu:
não quebra,
se curva,
encontra o vento por dentro
e inventa um novo rumo.
No fim do dia,
a vida se revela em pequenos milagres:
um copo d’água na sede mais funda,
um sorriso torto,
a coragem quieta
de recomeçar amanhã.
Só vê quem aprende a agradecer
o pão repartido,
as quedas que viram chão,
os passos lentos
que nunca deixam de seguir.
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Autor:
Sezar Kosta (
Offline)
- Publicado: 26 de maio de 2025 07:18
- Comentário do autor sobre o poema: Sabe aqueles dias em que a gente tropeça na própria vida e, por um segundo, pensa que o chão virou nosso principal companheiro? Pois é. Foi num desses tropeços poéticos que nasceu “Milagres do Cotidiano”. Não veio como raio, nem como revelação divina — veio mais como aquele pão quentinho que a manhã traz sem alarde, mas que conforta só de chegar. Escrevi esse poema como quem prepara um café coado na calma: sem pressa, com cuidado, e com a esperança de que cada verso aqueça um cantinho do seu dia. E já que poesia também é encontro, me conta: o que esse poema despertou aí no seu coração? Vou adorar ler seus comentários!
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 10
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, MAYK52
Comentários2
Gostei desta mensagem que aqui partilhou, caro poeta Sezar.
Concordo consigo, quando descreve como as vicissitudes que o quotidiano nos pode surpreender.
Abraço fraterno.
Realmente a vida ensina com passos miúdos, tem que aprender a perdoar. Parabéns por seu poema poeta. Bom dia.
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