A vida ensina com passos miúdos,
sem relógio,
faz a gente tropeçar no próprio cadarço
e, entre o susto e o riso,
descobrimos que cair também é caminho.
Amar a si não é vaidade —
é sede antiga,
é o pão ainda quente
que a manhã reparte com a gente
no silêncio da mesa.
O perdão machuca como sapato novo,
aperta, incomoda,
até que o tempo,
com mãos de paciência,
amacie o couro e o coração.
Empatia é escutar sem costurar respostas,
deixar o silêncio bordar
um entendimento manso
entre duas vozes cansadas.
Imperfeições?
São retratos amarelados,
guardados no fundo da gaveta —
às vezes pesam,
mas têm cheiro de quem fomos
e não se joga fora.
Desafios chegam feito ventania,
ameaçam dobrar nossos ossos,
mas a gente aprende a ser bambu:
não quebra,
se curva,
encontra o vento por dentro
e inventa um novo rumo.
No fim do dia,
a vida se revela em pequenos milagres:
um copo d’água na sede mais funda,
um sorriso torto,
a coragem quieta
de recomeçar amanhã.
Só vê quem aprende a agradecer
o pão repartido,
as quedas que viram chão,
os passos lentos
que nunca deixam de seguir.